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sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Contação de histórias estimula o hábito da leitura em crianças
JornaldaCidade.Net

O sentimento de quem conta história é de que Deus nos apóia e nos abençoa. É algo muito forte, além de que contar história é uma terapia. Através da história, estamos dinamizando um processo terapêutico, em que a cura vem com mais rapidez. Trata-se de um trabalho de humanização, em que nosso presente é o sorriso que deixamos em cada uma das crianças”. O depoimento acima é do coordenador do grupo Prosarte de Contadores de História, José Antenor Aguiar, ou ‘Seu Antenor’, como é mais conhecido.

Suas palavras mostram o orgulho e a satisfação de um contador, apaixonado desde pequeno pela arte de contar histórias. Seu Antenor afirma que nunca deixou morrer aquela criança que brincava nas ruas de Estância, e que, por isso, contar histórias foi um objetivo que esteve presente em toda a sua vida.

Seu Antenor é um dos contadores de história que alegram as crianças na Biblioteca Infantil Aglaé Fontes de Alencar (Biafa), unidade da Secretaria de Estado da Cultura (Secult). Mensalmente, a Biafa realiza atividades desse tipo – contando com a ajuda de voluntários como seu Antenor - para atrair a criança para o universo literário, principalmente às de primeira idade escolar.

Ivany e Tarcísio: grandes exemplos

Dona Baratinha, ou melhor, Ivany Jesus Oliveira, também é outra voluntária. Para ela, a importância da contação de histórias está ligada não só ao despertar da imaginação da criança, mas também ao incentivo à leitura. Ivany afirma que sempre gostou muito de ler e que por isso ao se formar em Biblioteconomia, decidiu fazer uma pós-graduação em Arte-Educação, o que a ajudou muito na arte de contar histórias.

“Quando comecei, achava que não tinha esse dom. Ma hoje percebo que todo mundo sabe contar histórias, basta querer. Quando você entra na história e deixa ela te levar é mágico”, disse .

O pedagogo Tarcísio Bruno Santos trabalha com Ivany na Biblioteca Clodomir Silva – localizada no bairro Siqueira Campos. Tarcísio disse que sempre gostou de fazer contações, mas ao entrar na biblioteca, em 2007, começou a fazer parte do projeto ‘A hora do conto’, e desde lá nunca mais parou de contar histórias. “Entrar neste projeto, acabou fortalecendo em mim essa ação. E não fazemos isso apenas com as crianças. Já fomos a presídios femininos, abrigos, praças”, relatou.

Contar histórias para Ivany e Tarcísio engloba os adultos também. Num trabalho sócio-educativo, eles voltam-se também para pessoas que estão à mercê da violência ou pessoas que se sentem excluídas da sociedade. “Quando nos apresentamos num presídio feminino, fizemos questão de tratar questões como a transmissão de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) e a questão da proteção. A depender do público, nós abordamos assuntos específicos”, detalhou Ivany.

Para quem deseja contar histórias, não é necessário grandes recursos, basta ter a vontade e o entusiasmo de um contador. “Quando não tínhamos muito recursos, usávamos o nosso corpo e nosso rosto. Somente isto é necessário”, relatou Tarcísio. Em relação a sua formação acadêmica, ele ainda disse que faltava esta lacuna em seu curso de Pedagogia, por isso procurou preencher nos lugares onde passou e trabalhou. “Meu aprendizado e dinamicidade para contar histórias vieram com a prática, fui agraciado pelos lugares onde passei”, refletiu.

É por ser tão envolvida com seu trabalho que Ivany é freqüentemente chamada de Dona Baratinha. “Eu me acho mais parecida com a ‘Menina bonita do laço de fita’, brincou. Para a bibliotecária, contar histórias é uma viagem ao mundo da imaginação. “Quando contamos, somos envolvidos pela alegria e pelo amor daquela criança. Uma criança carente, por exemplo, não tem contato com este mundo. Logo, dar carinho e amor para elas é nosso maior presente e aprendizado para nossas vidas”, dialogou .

Seu Antenor e o Prosarte

Há sete anos, o grupo Prosarte vem desempenhando um belo trabalho em hospitais, creches, orfanatos, escolas e bibliotecas. Seu Antenor resume o trabalho realizado pelos seis voluntários que hoje fazem parte do grupo com a célebre frase do poeta e escritor londrino G. K Chersteton: “Contos de fada são a pura verdade: não porque nos contam que os dragões existem, mas porque nos contam que eles podem ser vencidos".

“O Prosarte é formado por pessoas de vários segmentos da sociedade, desde psicólogos até donas de casa. Qualquer pessoa que queira doar um pouco do seu tempo, pode fazer parte do nosso grupo. Hoje contamos com pedagogos, arte-educadores, servidores públicos, psicólogos. Todos envolvidos na arte de contar histórias”, ressaltou Antenor .

Ele conta que após fazer um curso no Senac, passou a ter interesse pela contação de histórias e lembra que uma de suas vontade era se apresentar no setor de Oncologia do Hospital Cirurgia. “Estamos agora com um trabalho voltado para o interior de Sergipe. Já fomos a São Cristóvão e Itaporanga. Nosso objetivo é sempre levar alegria e entretenimento para todos eles”, destacou .


Contações na Biblioteca Infantil Aglaé Fontes

Segundo a diretora da Biblioteca, Cláudia Stocker, o espaço disponibilizado no local comporta 50 pessoas, mas quando há um evento maior, o auditório da Biblioteca Pública Epifânio Dória (BPED) é aberto para receber o público. “Contar histórias é um momento lúdico para a criança, além de que ela passa a conhecer nosso espaço e torna-se sócia da biblioteca”, informou.

Cláudia disse ainda que cerca de oito mil livros compõem o acervo da biblioteca, e que por mês, cerca de cem livros são emprestados. “Tivemos uma compra recente de livros e hoje contamos com exemplares bem atuais e do gosto da criançada. A contação de história não é importante apenas para ativar a imaginação da criança, mas é responsável por esse estímulo à leitura”, frisou a diretora.

A Biafa sempre está aberta para receber pessoas que assim como seu Antenor, Ivany e Tarcísio, realizam esse trabalho voluntário. O telefone para contato é (79) 3179-1965

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